terça-feira, 26 de julho de 2011

CRISE ENERGÉTICA FOI TEMA DE PALESTRA DE DIRETOR ALEMÃO


     O diretor da Deula-Nienburg (Alemanha), Fritz Bründer, esteve no Brasil entre os dias 25 de abril e 06 de maio de 2011 e encerrou sua visita na região de Ijuí, com palestra na Escola 25 de Julho, para alunos, professores, membros da Deula-Brasil e a comunidade em geral. Na palestra “Precisamos de Mais Um Planeta?” realizada no dia 05 de maio, ele abordou as consequências do uso da energia nuclear e as alternativas apresentadas a partir da crise na usina de Fukushima, no Japão.
     “Se continuarmos vivendo da maneira atual não teremos grandes perspectivas de futuro e precisaremos sim de um novo planeta para morar”, destacou Fritz Bründer, logo no princípio da conversa. Segundo ele o futuro depende do fomento do conhecimento, de modo que possamos desenvolver alternativas para nosso atual modo de vida, aprendendo com nossos erros.
   Na Alemanha, anteriormente ao acidente de Fukoshima, a política governamental determinava a ampliação do uso da energia nuclear. Imediatamente após, o governo determinou o fechamento de algumas usinas e, para suprir a energia do país, decretou a ampliação da compra de gás natural para produção de eletricidade em médio prazo, e intensificou seus projetos de fomento às energias renováveis, principalmente biogás, eólica e solar. “Hoje a energia solar tem um grande potencial, o problema é o seu acúmulo e transmissão, uma vez que durante a noite não há geração”, afirma. Para solucionar este problema a Alemanha quer aproveitar parte dessa energia solar para bombear água a reservatórios nas montanhas. Essa água passaria a ser usada para gerar energia hidrelétrica durante a noite, sanando esse problema. Quanto a energia nuclear, ele lembra que, apesar dela ser chamada de limpa, gera subprodutos do urânio, altamente radioativos, os quais ninguém sabe onde guardar de forma segura. “Alguns países estão escavando túneis de mais de mil quilômetros de profundidade e depositando lá esse resíduo, contudo, não há garantias de que a radioatividade não chegará à superfície por meio das fissuras na rocha”, relata.  A usina de Chernobil, na Ucrânea, foi usada como exemplo: além de contaminar milhares de pessoas quando do acidente, ainda hoje, 25 anos depois, técnicos buscam isolar o local, sem sucesso. “Agora o Japão, além de colocar a vida de sua população em risco, contaminou milhares de litros de água buscando resfriar o reator, sem sucesso”, lamenta Bründer.      
   Água e Combustíveis - O tema energia nuclear serviu como linha condutora por uma série de outras abordagens. Segundo Bründer, os estudos apontam para o término do petróleo num período de trinta anos, enquanto a tendência é o aumento de seu consumo, uma vez que uma grande parcela da população - principalmente da China e Índia - está adquirindo carros. Neste sentido ele destaca o biodiesel, a partir das plantas renováveis, como uma excelente alternativa. “O Brasil tem condições de abastecer o mundo com biocombustíveis”, destaca. Segundo ele, um hectare pode produzir biocombustível suficiente para percorrer 40 mil quilômetros ou mais, dependendo da planta utilizada. “Contudo, hoje discutimos se é ético do ponto de vista religioso direcionarmos as áreas agricultáveis para a produção de combustíveis, ao invés de alimentos”. Segundo o diretor, é preciso discutir o controle de natalidade para frear o crescimento populacional e o aperfeiçoamento da agricultura. Neste caso teremos alimentos e combustíveis suficientes para todos.
     Outra questão tratada disse respeito à água. “As futuras guerras se darão pela busca por água e terra”, acredita. Países em desenvolvimento, especialmente China e Estados Unidos, já adquiriram gigantescas áreas mundo afora, focando principalmente lençóis freáticos, inclusive no Brasil, para garantir alimentos e água para as suas populações. “Nós temos que preservar a água que bebemos, não podemos jogar nela o nosso lixo e temos que manter nosso ar limpo, se quisermos sobreviver”, destacou. O diretor da Deula-Nienburg, que já viajou por praticamente todo o mundo, concluiu dizendo que a solução para um mundo melhor está no conhecimento e na agricultura. Durante sua estadia no Brasil, além de contatos com entidades locais, recepcionou os estagiários da Deula-Brasil que irão estagiar no período de um ano na Alemanha, onde irão aperfeiçoar suas técnicas produtivas. Estes embarcam em agosto para o estado da Baixa Saxônia, onde está localizada a cidade de Nienburg.